A seguir partilhamos na integra a homilia do Pe. Aguinelo, na Celebração Eucarístia em Ação de Graças pelo seu aniversário.
Meus setenta e nove anos
Celebrar aniversário é sempre
motivo de alegria. Para mim, é também motivo de certo constrangimento. Sempre
tive certa dificuldade em estar no centro, de ser focado, posto na ribalta,
elogiado. Será por timidez, por desconfiança da sinceridade, ou por outros
motivos, não sei. Mas, nesta altura da vida, aceito tudo o que há de bom, tendo
bem consciente minhas falhas, pecados, limitações e também qualidades e graças
recebidas.
Por isso, em relação ao meu
aniversário queria salientar estas duas coisas: minhas falhas e pecados; e as
graças recebidas.
Tenho plena consciência de ser um
pecador, como todos. Talvez, não com grandes crimes, mas com muitas omissões,
covardias e faltas de caridade fraterna. Por isso tudo, quero reconhecer e
pedir perdão! É meu ato penitencial.
Mas, o dia de aniversário é um
momento especial de agradecer.
Em primeiro
lugar, agradeço pela graça de ter nascido em família cristã, de ter recebido o
Batismo e, desde pequeno, as condições para que a graça do batismo pudesse
crescer e se desenvolver.
Agradeço o
clima de amor a Deus, a Cristo na Eucaristia e, especialmente, a devoção a
Maria, que havia na minha família. Creio que esta devoção, cultivada e
incentivada no tempo do Seminário Menor e Maior, foi a grande luz que me guiou,
a vacina que me livrou de tantos perigos e desvios. Ao Coração carinhoso de
Maria, meu reconhecimento, minha gratidão e meu amor.
Agradeço à
Comunidade da Província Nª Sª Conquistadora, na qual vivi desde 1944. Portanto,
por 66 anos já. Não é pouco tempo, não?
Agradeço aos
formadores que me acompanharam durante os 15 anos de minha formação.
Agradeço e
louvo a Deus pelo sacramento da Ordem que me deu acesso ao Ministério
presbiteral. O exercício desse ministério, por si mesmo, não é sinal de
santidade, mas o seu exercício, feito com reflexão e consciência e com a graça
de Deus, é santificador também para o ministro.
Agradeço pela
possibilidade de pós-graduação em Roma, pelo Curso de Formação Bíblica que me
abriu para uma maior compreensão da Palavra de Deus.
Agradeço,
hoje, também pelas dificuldades de saúde que tive de enfrentar, tanto no tempo
de estudos, em Roma, como depois, durante os anos aqui em S. Maria. Foram
cruzes que me amadureceram.
Agradeço os
longos anos que vivi nesta casa, exercendo a pastoral do magistério e da
formação.
Agradeço à
Comunidade da Província e do CMP que sempre me aceitaram e me acolheram com
minhas qualidades e defeitos.
Agradeço a
ação misteriosa, delicada, embora nem sempre acolhida, do Espírito Santo,
verdadeiro mestre e guia de nossa vida. Esta luz de Deus que,
imperceptivelmente, nos leva a um melhor conhecimento da pessoa de Jesus
Cristo, o Bom Pastor, e a nos encantarmos por Ele.
Por tudo isto,
e muito, muito mais, agradeço, louvo e bendigo o Pai que me criou, o Filho que
me amou e se entregou por mim e o Espírito Santo que me consola, ilumina e
conduz.
A parte
central da missa é a Comunhão com o Senhor, que se entrega a nós pela
Eucaristia.
Peço e suplico
que a Eucaristia, que celebro tantas vezes, não seja apenas uma repetição, uma
rotina, ou uma reza para os outros, mas produza em mim todo o fruto que Jesus
ligou a este Sinal, quando o instituiu. “Quem comer deste pão viverá
eternamente...”
Minhas
palavras são muito pobres para expressar a gratidão, a alegria e a esperança
que a fé cristã, católica e palotina, me deram, e continuam dando, ao longo da
vida.
Suplico ao
Senhor, pela intercessão de S. Vicente Pallotti e da Rainha dos Apóstolos, o
dom da Sabedoria para continuar guiando minha vida; e o Amor de Cristo, como
energia, para prosseguir com generosidade e alegria no caminho de Deus, até que
Ele quiser.
Experimentar a
salvação de Jesus Cristo atuando em nossa vida e colaborar para que outros
também possam fazer a mesma experiência, é a maior alegria que podemos
vivenciar, aquela alegria que ninguém nos pode tirar, como diz Jesus.
Pallotti,
citando Dionísio Areopagita, afirma que “cooperar para a salvação das pessoas é
a mais sublime e a mais divina entre todas as perfeições divinas que o
Altíssimo comunica às suas criaturas”. (Omnium Divinarum divinissima extat
perfectio cooperari Domino in salutem animarum ad suum Creatorem) (Ap. “Inform.
Pal.”, ano 66, jan-jun. de 2009, p. 125).
E por isso,
concluo com o Salmo que diz: “Provai e vede como o Senhor é bom” (Sl 34(33),9).
Se já o
salmista, homem do Antigo Testamento, fazia esta experiência, muito mais nós,
que chegamos à plenitude dos tempos, somos convidados a fazê-la, pois temos
entre nós aquele que é a Fonte da Vida e a Porta da salvação. “Provai e vede
como o Senhor é bom”! Amém!
Pe. Aguinelo
Burin, SAC - Colégio Máximo Palotino,
29/04/2012